Encontro online e aberto debaterá processos de elaboração de microbolsas em torno de novas perspectivas sobre o documento do Ministério da Saúde
Os últimos anos deram infinitos exemplos de como tudo o que é ruim sempre pode piorar. Tantos que até nos esquecemos do contrário: o que é bom sempre pode melhorar. Três pesquisadoras apoiadas pelo Joio trabalharam desde dezembro do ano passado em projetos de divulgação científica sobre o “Guia Alimentar para a População Brasileira”, do Ministério da Saúde.
Para marcar o fim desse processo será realizado em 12 de junho, no YouTube do Joio, o evento “Guia Alimentar, dez anos: outras perspectivas”. O encontro reunirá as três pesquisadoras e o comitê responsável por selecionar e acompanhar a execução das propostas.
O edital lançado pelo Joio em novembro de 2024, com o apoio do Instituto Ibirapitanga, marcou uma década de vida do Guia Alimentar, referência nacional e global em termos de diretrizes sobre alimentação adequada e saudável. O objetivo foi desdobrar a produção a respeito do tema, ampliando a visibilidade de trabalhos científicos relevantes.
As três propostas vencedoras foram escolhidas entre mais de duzentas apresentadas por pesquisadoras e pesquisadores de todas as partes do país. Ao final, prevaleceram projetos que ofereceram perspectivas pouco abordadas ou inovadoras em torno do Guia Alimentar, e que em conjunto trazem uma diversidade de olhares para a questão.
No evento será apresentado “Comida para o Bem Viver”, uma adaptação feita pelo povo indígena Xerente aos dez passos para uma alimentação adequada e saudável – um dos pontos mais conhecidos do Guia. O trabalho foi coordenado por Reijane Pinheiro da Silva, professora do curso de Nutrição da Universidade Federal do Tocantins. O grupo de pesquisa liderado por ela trabalhou especialmente com adolescentes e jovens da Terra Indígena Xerente, ao longo de vários encontros, na adaptação da linguagem do documento do Ministério da Saúde.
Outra proposta vencedora do edital de microbolsas já está no ar. “Supermercado, a cidade e as desigualdades” é o episódio do Prato Cheio que resultou do trabalho de Emilia Jomalinis, integrante do Centro de Referência em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. O doutorado de Emilia trata da distribuição espacial dos supermercados na cidade do Rio de Janeiro, enfatizando como as escolhas dos equipamentos de varejo refletem a desigualdade do tecido urbano. No evento, ela contará sobre o processo de produção e debaterá os desafios da divulgação científica.
E também um episódio do Prato Cheio que traz uma afroperspectiva para o Guia Alimentar. Debora Lima contará sobre o processo de reflexão em torno do assunto em sua produção científica no CulinAfro, um núcleo de pesquisa e extensão vinculado à Universidade Federal do Rio de Janeiro. Criado em 2014, mesmo ano do Guia, o CulinAfro é o ponto de encontro para tecer uma crítica construtiva à maneira como os saberes africanos, quilombolas e afro-brasileiros-diaspóricos aparecem no documento ou deixam de aparecer na discussão sobre alimentação saudável.
Evento Guia Alimentar, dez anos: outras perspectivas
Data: 12 de junho
Horário: 16h30 às 18h
No YouTube de O Joio e O Trigo
Programação
Abertura
João Peres, diretor-executivo de O Joio e O Trigo
Iara Rolnik, diretora de Programas do Instituto Ibirapitanga
Guia Alimentar em afroperspectiva
Debora Lima. Mulher negra, criada na periferia do interior do estado do Rio de Janeiro, é formada em Nutrição pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, mestra em Educação em Ciências e Saúde também pela UFRJ e docente substituta do Instituto de Alimentação e Nutrição do Centro Multidisciplinar UFRJ Macaé.
Silvana Oliveira. Nutricionista e mestre em Alimentos, Nutrição e Saúde. Doutoranda em Saúde Coletiva no Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia.
Guia Alimentar: desigualdades
Emilia Jomalinis. Doutora pelo Programa de Pós Graduação de Ciências Sociais em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade (CPDA/UFRRJ). Integrante do Centro de Referência em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (CERESAN/UFRRJ).
Ana Carolina Feldenheimer. Nutricionista, mestre e doutora em Saúde Pública. Professora associada do Departamento de Nutrição Social da Universidade Estadual do Rio de Janeiro.
Dez passos para uma alimentação saudável: versão do povo Xerente
Reijane Pinheiro da Silva. Doutora em Antropologia Social pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, professora do curso de Nutrição da Universidade Federal do Tocantins (UFT) e integrante da Comissão de Alimentos Tradicionais dos Povos (CATRAPOVOS).
Raphael Barreto. Enfermeiro, Mestre e Doutor em Saúde Pública. Pesquisador bolsista na Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca – Fiocruz.
Encerramento
Indira Ramos Gomes. Consultora Técnica da Coordenação Geral de Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde, atual líder da equipe de Promoção da Alimentação Adequada e Saudável